Colaboração: Isidoro Massafra 

Foi realizada nessa quinta-feira(2), a missa no santuário de Nossa Senhora da Medianeira de todas as graças e gruta de Nossa Senhora de Lurdes no Mato do Rincão dos Costa Beber. A celebração no santuário marcou a passagem do dia de Nossa Senhora dos Navegantes e dia de São Braz e reforça uma tradição que já dura 50 anos.

O encontro religioso teve a presença da comunidade em geral, além de autoridades religiosas e do município de Bozano. O prefeito Renato Casagrande e a Primeira Dama Noeli Amorin Casagrande estiveram presentes para celebrar uma história carregada de fé, dedicação e esperança, desenvolvida pela comunidade da localidade. Todos os anos, jovens, adultos, crianças acompanhadas dos pais e idosos participam do encontro buscando fortalecer sua espiritualidade.

Cerca de 500 pessoas participaram da missa nessa quinta-feira(2), celebrada pelo Padre Silvio Mazarolo, administrador diocesano, e Padre Gilberto Chimanoski, no local emoldurado pela floresta natural, centenária que traz  aos presentes um conforto e uma energia que é particularmente conhecida pelos mais  idosos.

HISTÓRIA DA IGREJINHA DO MATO 

A história da Igrejinha do Mato começa com nosso ancestral Pedro Costa Beber. Ele sofria com fortes dores abdominais devido a um câncer de intestino. Como era um homem muito religioso, sempre levava um tercinho no bolso e orava constantemente. Para que não mostrar sua dor caminhava pela picada na mata. Um dia colocou numa árvore de cabriúva, que ainda existe no local, uma medalha que carregava no pescoço elegendo o local como seu templo particular, onde podia esconder a dor, orar e chorar. Aquele lugar passou a ser seu lugar de oração, meditação e encontro com Deus. Há mais de 80 anos Neste período os netos do Pedro e outras crianças que viviam na região de Santa Lucia que estudavam na Escola Conde de Porto Alegre que ficava próxima a casa do tio João Costa Beber precisavam passar pela Picada para poder ir à escola. 

Todos tinham muito receio de fazer este percurso pois na mata haviam animais selvagens (leões, gato do mato, cobras) além de algumas pessoas que eram perigosos. A medalhinha colocada pelo avô Pedro se localizava na metade da estrada e logo passou a ser uma fonte de segurança, oração e fé de todos os que precisavam se aventurar pela pequena estrada. Nossos tios contam que passavam por lá de cavalo a galope, sem olhar para trás, e depois da medalhinha passaram a parar e orar, sempre que possível colocavam uma moeda em um buraco na árvore. 

Com o tempo foi construído uma pequena igrejinha, que chamavam de capitel, em honra a Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças e toda a comunidade passou a frequentar o lugar. Mais tarde a irmã Francelina construiu uma gruta em honra a Nossa Senhora de Lurdes. Todos os sábados, domingos à tarde e diariamente no mês de maio, as pessoas da região faziam uma procissão a noite, com velas e lampiões para rezar o terço e fazer novenas. Muitas festas aconteceram na igrejinha neste tempo, e em torno de 50 anos atrás iniciou-se a prática de rezar a Missa no dia 02 de fevereiro, dia de Nossa Senhora dos Navegantes e até hoje se repete com a benção da garganta. 

No Mato do Rincão também foi cogitado como local para ser construído o Santuário de Nossa senhora de Fátima, que acabou não acontecendo pois foi escolhido Cruz Alta. Mesmo assim a Igrejinha do mato se tornou um local de oração, pedidos e festa, lá podemos ter a paz do encontro com a natureza, o silêncio profundo e o cantar dos pássaros, lá podemos ter o espaço de pedidos de corações solitários e também de grandes festas. Essa fé fui mantida e sustentada por dezenas de anos pela nossa querida tia Gema Augusta, que chamávamos carinhosamente Meminha, ela por toda a vida amou, cuidou e orou naquele local, nos ensinou a ter fé, e confiar na Mãe Maria. 

Rosane Costa Beber 02/02/2022.